terça-feira, 22 de setembro de 2015

Palavras não ditas

Desculpe-me por deixar-nos nesse silêncio, por permanecer cheia de lágrimas nos olhos com a mão na sua nuca, mexendo no seu cabelo, te observando dirigir de volta pra cada. Desculpa se minhas poucas palavras foram inexpressivas diante do furacão que estava meu peito. Porém, espero que não seja tarde demais para finalmente dizê-las. Na verdade, escrevê-las.
Gostaria de ter te dito o quanto, a cada dia mais que passei ao seu lado, te observando dormir, te fazendo dormir, sendo sua companhia, sentindo seu beijo, gosto, carinho e cheiro, eu tenho certeza de que é com você que quero estar. Naquele exato momento, queria ter te dito que, apesar das últimas horas de muitas lágrimas e maus momentos, eu estava completamente grata por te ter do meu lado alí, me ajudando. Queria ter atendido ao seu pedido de conversar pra te manter acordado tentando te explicar todo o bem que você me faz, o quanto eu me sinto mais leve por saber que eu te tenho comigo e todo o amor que transborda de mim.
Há dois meses eu tinha certeza que era meu último dia ao seu lado antes de me despedir novamente, e quando me vi tendo - apesar das péssimas circunstâncias - mais algumas horas pra poder dizer e fazer tudo que estava entalado em mim. Porém, eu só te observei, desejando-te todos os dias, te vi dormir e te quis assim perto todas as noites, te vi sorrir e soube que minhas palavras silenciadas mereciam serem ditas.
Sim, agora sessenta dias parece tempo demais. E eu só consigo fazer uma contagem regressiva para retornar aos seus braços.
Novamente, perdoe-me o silêncio.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Insípidas palavras

Quanto mais procuro achar as palavras certas para dizer, mais uma página em branco na minha frente se torna difícil demais de observar, ou talvez seja pelas lágrimas nos meus olhos. Ou talvez eu não consiga mais escrever como antes. Ou até seja coisa demais para dizer e as palavras acabam confundindo-se.
Eu nunca consegui imaginar que eu me sentiria menos inteira sem alguém do meu lado. Nunca pensei que fosse capaz de depender tanto do cheiro de outra pessoa para me sentir bem. Por mais que eu tente, não consigo transbordar em palavras, elas perderam todo o seu poder diante do que eu sinto. E é exatamente por isso que a ausência é de uma dor insuportável: uma vez estando presente, as palavras não são as coisas mais importantes, mas sim os sentidos; longe, eu preciso saber organizar cada letra.
Os clichês sempre são insípidos, porém como explicar sentir-me vazia longe dos braços, beijos, sussurros e sorrisos sem me tornar piegas? Como demonstrar que o meu peito dói, esmaga, a cada passo de distância, a cada metro, quilômetro e milha?
Longe, dor, saudade, pressa, cansaço, tristeza.
Perto, paz, alegria, calma, fortaleza. Amor.
Prefiro perto. Do seu carinho, do seu cheiro, da sua boca. Da calma dos seus braços, dos sorrisos nos seus lábios. Do seu amor. Do nosso.
E longe, continuo com pressa para que quando a dor passar eu peça que cada dia passe como uma eternidade ao seu lado.


Obrigada por me fazer inteira, por despertar a melhor parte de mim.
Obrigada pela sua amizade, companheirismo, amor e presença, mesmo agora tão longe.